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A palavra ideia (FO 1943: idéia) é usado em duas acepções: como sinônimo de conceito ou, num sentido mais lato, como expressão que traz implícita uma presença de intencionalidade.
A palavra deriva do grego idea ou eidea, cuja raiz etimológica é eidos – imagem. O seu significado, desde a origem, implica a controvérsia entre a teoria da extromissão (Platão) e a da intromissão (Aristóteles). No centro da polémica está o conceito de representação do real (realidade).
Para Platão, a ideia que fazemos de uma coisa provém do princípio geral, do «mundo inteligível», que constitui a Ideia Universal, categoria que está na base da sua filosofia, o idealismo. Assim, a ideia da coisa é uma projeção do saber: ao verem a coisa, os olhos, emitindo raios de luz, projetam a imagem dessa mesma coisa, que existe em nós como princípio universal (extromissão). Esta doutrina é designada por «idealismo».
Para Aristóteles, a ideia da coisa provém da experiência sensível, do «mundo dos fenómenos contingentes»: as coisas emitem cópias de si próprias, através da luz, cópias assimiladas pelos sentidos e interpretadas pelo saber inato ou adquirido (intromissão), doutrina que funda o conceito de «realismo».
Estas noções estão presentes em toda a filosofia ocidental, em particular no campo da ontologia, a ciência do Ser. Condicionaram, durante séculos, o pensamento de filósofos, desde a escolástica até às doutrinas da atualidade, em particular, no campo das chamadas «ciências cognitivas» ou «ciências do conhecimento», que cobrem as áreas da biologia, da cibernética, da robótica, da informática.
O Idealismo é a doutrina segundo a qual o pensamento é a origem e a fonte de todo o conhecimento. Esta doutrina platónica postula a existência de um mundo separado deste mundo físico ou sensível, que é feito de realidades perfeitas e imutáveis, as ideias, modelos ou paradigmas das coisas sensíveis.
Segundo Locke, as ideias são aquilo através do qual pensamos, aquilo de que a mente se ocupa quando pensa. É através das ideias que o ser humano exprime o pensamento objetivo, sendo componentes essenciais da compreensão. Para Platão, as ideias são os únicos componentes do mundo real, que é constituído por modelos perfeitos e onde o mundo empírico é inferior. Esta doutrina abriu caminho à conceção neoplatónica das ideias como pensamentos de Deus. Mais tarde, com Descartes, as ideias seriam simplesmente aquilo que está na mente de qualquer ser pensante. Nos nossos dias, as ideias são vistas como dependentes das estruturas sociais e linguísticas e não uma criação independente de uma só mente. Para David Hume, a ideia é uma cópia fraca das impressões sensíveis, isto é, das imagens que o contacto com a realidade imprime no espírito. Para os empiristas, como Hume, as ideias são um fruto empírico e só nascem através da experiência sensível, o que reduz o conhecimento a simples induções. Descartes distinguiu três tipos de ideias, que para ele são imagens das coisas. Assim, existem as ideias inatas que são aquelas com as quais nascemos e não o produto da experiência adquirida. Para ele, o ser humano teria à partida ideias gerais, como a de Deus, a de liberdade, de imortalidade, etc.
Existem ainda as ideias adventícias, que surgem do mundo exterior através da experiência, e as ideias factícias, que são as ideias formadas pelo próprio indivíduo através do pensamento. Segundo Descartes, as mais importantes são as ideias inatas, já que, nascidas com o ser humano, são como "sementes de verdade", postas por Deus no seu espírito para permitir conhecer algumas verdades da Natureza sem que os sentidos tivessem algum papel nessa descoberta.